Pra quem diz que só se ama uma vez
Desculpe, mas não me leve a mal
Amei muito, intensamente, todas as três
Embora nenhuma de forma igual.
A primeira, doce, quase platônica
Marcou-me na adolescência
Tem lugar guardado em mim: Mônica
Com quem compartilhei minha inocência.
Trocamos sentimentos no olhar
E lembro de um leve tocar de dedos
Numa manhã com sol a brilhar
Tornando claro nosso amor em segredo.
A segunda, imensa, extravasando alegria
Tão curta, mas inesquecível de tão marcante
Não seria eu sem conhecer você, Lúcia
Me iluminando, mesmo que brilhe distante
Vivemos o amor que faz sonhar
E um único beijo, jamais o esqueço
Até que a separação me fez acordar
Tornando-me um novo velho moço
A terceira, longa, também verdadeira
Começou aos 18 e seguimos pela vida
Juntos, minha grande companheira
Até me ver só com sua partida.
Em comum, além do amor, a poesia
Que acha rima com Mônica
Lucia Helena e Maria
Minha Maria Verônica
Haverá espaço nesse meu coração
- Pergunta essa indiscreta -
Pra um grande amor outra vez
Que seja infinito enquanto dure? Não!
Desculpe-me Vinicius de Moraes, o Poeta
Mas quatro quebra a rima. Eu fico nas três
Amor tem dessas coisas: da alegria imensa à dor profunda. Porque sua presença nos completa, mas na falta da pessoa amada, o vazio assume lugar de destaque.
Lembro Vinicius de Moraes dizendo no Soneto da Fidelidade : ... "Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama, Eu possa me dizer do amor (que tive), Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure!"