Quando no antigo retrato
A imagem não mais se reconhece
Nem espelha o que agora de fato
A viagem dos dias tão claro transparece
Quando o tempo demonstra sua passagem
Nos cabelos mais brancos, rugas no rosto
No andar mais lento, “pressa é bobagem!”,
Não escondendo o que se torna exposto
Quando conhecidos que ficaram distantes
Reencontrados perguntam: quem sois?
E um filme passa em instantes
Pra resposta que chega depois.
Sou o mesmo ou tão mudado
Pela vida, no seu vai e vem,
Que só quem tem de perto me acompanhado
Estes, sim, como igual me reconhecem?
Estranho como o tempo sacode
O que se pensava ou no peito sentia
Mudando o sentimento de realidade
Que vai deixando de lado sua fantasia.
Sai de cena o TER e renasce do SER a utopia
De vencer vícios antigos, submeter a vontade
Com força, mas sem perder beleza e sabedoria
Pra, melhorando-se, tornar feliz a humanidade.
Até uma pedra bruta, mais rígida, mergulhada no rio do tempo, se torna lisa, polida. Todas as formas sofrem essa metamorfose.
Mas a mudança interna, essa não depende exclusivamente do tempo, mas sim, muito mais, da vontade de mudar.
O que o tempo pode fazer é nos ensinar que a única coisa que não muda é que haverá mudança.