Era noite da Ceia de Natal
Dia da alegria invadir corações abertos.
Então, por que daquele choro afinal?
Meu pai chorou, com seus motivos, por certo.
Estávamos à mesa, todos conversando
Quase todos, se mais atento, eu diria
Porque a saudade dele, extravasando
Nos lembrou que restava uma cadeira vazia.
Não é que ninguém tivesse esquecido
A partida da mãe, da sogra, d' avó
Mas talvez um pouco despercebidos
De lembrar quanto meu pai se sentia tão só
As lágrimas vieram em palavras marcadas:
"Que ainda faço aqui, qual a razão?"
Difícil encontrar respostas certas ou erradas
Pra dor de quem vive uma separação.
Hoje a história repete seus atos
Com novos personagens em cena.
A mesma pergunta, mudam-se os fatos
A escancarar um motivo que, se falta, apequena.
Agora sou eu quem procura saber
E pergunto o por quê, o motivo enfim
Será esse o ciclo do viver?
Hoje, lembro dele. Amanhã, lembrarão de mim.